quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

GUARDEI


Brinquedos em uma caixa,
bonecas descabeladas,
peças de quebra cabeças
fios de telefones estragados.

Guardei sem saber porquê,
juntei tudo sem saber como,
e no meio de tudo que somei,
achei,
uma blusa, uma meia e uma tiara,
perdidas na minha organização.

Coloquei bijuterias em uma pequena mala,
brincos que amarelavam,
anéis de plásticos,
pulseiras de miçangas, 
colares de sementes emaranhados 
que jamais ficavam desembaraçados,
Coitados. 

Em uma bolsa pequena, 
guardei minha mocidade.
Pós compactos,
rimeis,
lápis de olho preto,
gloss labial e corretivo.

Guardei meu eu em uma bolsa,
tornei-me palhaça,
maquiada,
uma farsa, 
que deveria ter deixado guardada. 

Guardei palavras dentro da boca,
engoli gritos que se alojaram em meu estomago,
me afoguei em lágrimas guardadas,
quase transbordadas.

Na mente da gente, há sempre uma semente guardada,
semente semeada, mágoas que guardamos,
de coisas que escutamos.

Guardei sentimento,
e hoje lamento,
ter guardado 
o que de mais valioso eu tenho
e poderia ter compartilhado.

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