quarta-feira, 22 de outubro de 2014

NADA


Hoje eu resolvi não fazer planos, não criar expectativas, não reclamar do tédio ou fugir do silêncio. Hoje, eu resolvi ficar quietinha no meu canto, observando a luz da janela entrar no cômodo, mostrando a poeira que ali jazia. Sem neuras, elas continuarão ali amanhã, e depois de depois. 

Para mim, nada é suficiente. Nada me basta. Fecho os olhos e contemplo minha respiração, minha vida batendo forte e enchendo os pulmões de ar. O vento no rosto, o frio sorrateiro...  E pergunto as árvores que balançam ao som do vento, na chuva de folhas mortas, porque ninguém se satisfaz com o nada? Nada me é respondido, pois talvez fosse pecado abrir a boca e atrapalhar o concerto da natureza. O nada, é a natureza na sua forma mais bela, vazia, limpa, viva e silenciosa. 
Talvez eu não tenha aproveitado as oportunidades e resolvidos problemas, adiantado tarefas, tirado o máximo do dia. Mas o dia durou muito mais e não passou voando pelos meu dedos. Ele me deu o seu melhor e eu, lhe dei o meu tempo.


Fotografia: Fotografo David Uzochukwu 

Nenhum comentário:

Postar um comentário