Sentei-me embaixo daquela velha árvore e ali fiquei. Sentindo a grama molhada onde eu enfiava os dedos. A tocar insetos que ali habitavam. O calor abafado do verão sem vento, tão seco, que me tirava o ar que já nem tenho. Eu estava fugindo do mundo, saindo do barulho, me escondendo das pessoas, me descobrindo para me encontrar com Deus.
As horas passavam, as nuvens passeavam e se desfaziam diante de meus olhos. Meu corpo e mente estavam em fotossintese assim como toda a floresta ao meu redor. Pássaros cantavam aqui e ali e rãs coaxavam alertando a chuva que viria.
Encontrei naquela floresta um pedaço perdido do meu ser. Descobri-me árvore enraizada, de tronco grosso e novos brotos. Eu sou a terra molhada na qual pisava e a chuva que regava toda a vida que ali havia. Eu sou abrigo de pássaros e comida de formigas. Sou a floresta em transformação e o sereno que cai sorrateiro ao anoitecer.
A vida, ou Deus, havia me ensinado uma lição. Tudo acaba, portas se fecham e caminhos são bloqueados, mas tudo nasce, novas portas se abrem e nada que um outro caminho não resolva. A vida que habitava o bosque vivia em constante adaptação, era sobrevivente do clima e do tempo era sofrida. Mas ainda sim se mantinha com vida e lutando para vencer as próprias barreiras, assim como eu.
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